Como começar pelo inicio, se as coisas acontecem antes de
acontecer?
Não vou fazer nada por ti porque não sei mais o sentido de
amor como antes eu pensava que sabia. Também do que eu pensava sobre o amor,
também disso estou me despedindo, já quase não sei mais o que é, não me lembro. Talvez eu ache um outro nome, tão mais cruel a principio e
tão ele mesmo. Ou talvez não ache. Amor é quando se dá nome á identidade das
coisas?

A verdade tem que estar exatamente no que não poderei jamais
compreender. E, mais tarde, seria capaz de posteriormente me entender? Não sei.
O homem do futuro nos entenderá como somos hoje?
Eu me prometo para um dia este mesmo silêncio, eu nos
prometo o que aprendi agora.
Mas há alguma coisa que é preciso ser dita. – vou te dizer o
que eu nunca te disse antes, talvez seja isso o que está faltando: ter dito. Se
eu não disse, não foi por avareza de dizer, nem por minha mudez. (...) se eu
não disse é porque não sabia que sabia – mas agora eu sei. Vou te dizer que eu
te amo. Sei que te disse isso antes, e que também era verdade quando te disse,
mas é que só agora estou realmente dizendo.
Pois ser real é assumir a própria promessa: assumir a
própria inocência e retomar o gosto do qual nunca se teve consciência: o gosto
do vivo.
Eu não quero mais o movimento completado que na verdade
nunca se completa, e nós é que por desejo completamos; não quero usufruir da
facilidade de gostar de uma coisa só porque, estando ela aparentemente
completada, não me assusta mais, e então é falsamente minha. (...) Não quero a
beleza, quero identidade.
Estou desorganizada porque
perdi o que não precisava.