terça-feira, 22 de janeiro de 2013

A HORA DA ESTRELA – CLARICE LISPECTOR - FRASES



Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida.
Como começar pelo inicio, se as coisas acontecem antes de acontecer?


Não vou fazer nada por ti porque não sei mais o sentido de amor como antes eu pensava que sabia. Também do que eu pensava sobre o amor, também disso estou me despedindo, já quase não sei mais o que é, não me lembro. Talvez eu ache um outro nome, tão mais cruel a principio e tão ele mesmo. Ou talvez não ache. Amor é quando se dá nome á identidade das coisas?

Que sabia eu daquilo que obviamente viam em mim?(...) A verdade não tem testemunha? Ser é não saber? Se a pessoa não olha e não vê, mesmo assim a verdade existe? A verdade que não se transmite nem para quem vê. Este é o segredo de se ser uma pessoa? Se eu quiser, mesmo agora, depois de tudo passado, ainda posso me impedir de ter visto. E então nunca saberei da verdade pela qual estou tentando passar de novo – ainda depende de mim!


A verdade tem que estar exatamente no que não poderei jamais compreender. E, mais tarde, seria capaz de posteriormente me entender? Não sei. O homem do futuro nos entenderá como somos hoje?

Eu me prometo para um dia este mesmo silêncio, eu nos prometo o que aprendi agora.



Mas há alguma coisa que é preciso ser dita. – vou te dizer o que eu nunca te disse antes, talvez seja isso o que está faltando: ter dito. Se eu não disse, não foi por avareza de dizer, nem por minha mudez. (...) se eu não disse é porque não sabia que sabia – mas agora eu sei. Vou te dizer que eu te amo. Sei que te disse isso antes, e que também era verdade quando te disse, mas é que só agora estou realmente dizendo.

Pois ser real é assumir a própria promessa: assumir a própria inocência e retomar o gosto do qual nunca se teve consciência: o gosto do vivo.

Eu não quero mais o movimento completado que na verdade nunca se completa, e nós é que por desejo completamos; não quero usufruir da facilidade de gostar de uma coisa só porque, estando ela aparentemente completada, não me assusta mais, e então é falsamente minha. (...) Não quero a beleza, quero identidade.
Estou desorganizada porque  perdi o que não precisava.